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Lula embarca para G77 em Cuba e Assembleia Geral da ONU nos EUA

Brasília (DF), 15.09.2023 - Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, se despede do Vice-presidente, Geraldo Alckmin, e embarca para Havana, Cuba, onde participa da Cúpula do G77. Foto: Ricardo Stuckert/PRO presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou, nesta sexta-feira (15), para Havana, capital de Cuba, para participar da Cúpula do G77 + China. Na sequência, seguirá para Nova York, nos Estados Unidos, onde fará o primeiro discurso do debate geral de chefes de Estado da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira (19).

Este ano, sob a presidência de Cuba, o encontro do G77 + China terá o tema “Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação”. O grupo criado em 1964, com 77 países-membros, foi ampliado e atualmente é composto por 134 nações em desenvolvimento do Sul global pertencentes à Ásia, África e América Latina. A união do bloco com a China ocorreu nos anos 1990.

Em Havana, Lula também cumprirá agenda de trabalho com o presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel. Será a primeira viagem oficial de um mandatário brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última foi em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff esteve em Havana.

Em Nova York, cabe ao governo brasileiro fazer o primeiro discurso da Assembleia Geral da ONU, seguido do presidente dos Estados Unidos. Essa tradição vem desde os princípios da organização, no fim dos anos 1940.

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Semana de Economia da Uesc começa dia 18

A XIII Semana de Economia da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) acontece entre os dias 18 a 21 de setembro, com o tema (R)Evolução tecnológica: mudanças socioeconômicas e perspectivas para a economia brasileira, nas modalidades presencial e online, com inscrições gratuitas. Durante o evento, no dia 21, pela manhã, o Departamento de Ciências Econômicas (DCEC) vai comemorar os 10 anos do Programa de Pós-graduação em Economia Regional e Políticas Públicas (PERPP).

A Semana de Economia tem como público-alvo pesquisadores, professores, discentes da graduação e pós-graduação, e o público externo em geral. O objetivo do evento é aprofundar o debate acerca da disseminação de novas tecnologias e os desdobramentos socioeconômicos e econômicos que estão ocorrendo e poderão ocorrer a partir dessas novas plataformas de conhecimento e de trabalho.

“Em um mundo pós-pandemia, com o avanço da digitalização e uso de tecnologias para busca de conhecimento, criação de novos modelos de vínculos empregatícios e desenho de políticas públicas, a discussão acerca da temática torna-se cada vez mais patente e é do interesse geral da sociedade”, afirma a professora Mônica de Moura Pires, coordenadora do programa de pós-graduação da área.

A mesa de abertura ocorrerá no dia 18, a partir das 18 horas, no auditório do Centro de Arte e Cultura, com momento cultural. Em seguida, o professor João Alberto de Negri (IPEA) fará palestra sobre o tema “Investimento tecnológico como estratégia de desenvolvimento econômico para o Brasil”. A programação consta ainda de outras palestras, apresentação de trabalhos, encontro de egressos, entre outras atividades.

PERPP – No dia 21, no auditório Jorge Amado, será realizada a sessão comemorativa de 10 anos do Programa de Pós-graduação em Economia Regional e Políticas Públicas e aprovação do Doutorado – que ocorreu, recentemente, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), órgão do Ministério da Educação.

Das 8 às 10 horas, haverá mesa redonda sobre “O uso da tecnologia e os avanços nas pesquisas em economia regional”, com os professores convidados Fernando Salgueiro Perobelli (UFJF) e Gervásio Ferreira dos Santos (UFBA), e mediação de Andréa da Silva Gomes. Em seguida, apresentação de vídeo sobre o programa e lançamento do e-book “Desenvolvimento Local e Políticas Públicas : narrativas de uma história, seguida de sessão de homenagens.

A palestra de encerramento abordará o tema “Importância da inovação e da ciência no crescimento e convergência dos territórios”, tendo como palestrante o professor Fernando Rubiera Morollón (UO), com mediação da professora Mônica de Moura Pires.

Produtos da agricultura familiar da Bahia marcam presença no maior evento de nutrição funcional do mundo

Produtos da agricultura familiar da Bahia marcam presença no maior evento de nutrição funcional do mundo - Atualiza BahiaCafé gourmet ou especial 100% arábica, mel orgânico, frutas desidratadas, flocão de milho não transgênico, amêndoa de castanha de caju, azeite e óleo de licuri, nibs de cacau, chocolates, goma de tapioca, doces e geleias orgânicas de frutas típicas do Semiárido. Esses são alguns produtos disponíveis no estande da agricultura familiar ‘Estrelas da Bahia’ no XVII Congresso Internacional de Nutrição Funcional, organizado pelo VP Centro de Nutrição Funcional, que iniciou nesta quinta-feira (14/09) e segue até sábado (16/09), no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

A nutricionista Fernanda Santos, da capital paulista, conheceu os produtos e se encantou com o licuri caramelizado da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes). “Ainda não havia provado e depois de saber os benefícios desse alimento, que eu não conhecia, mas que é uma delícia, pode ter certeza que vou colocar na minha alimentação e também indicar para os meus pacientes”.

O estande da agricultura familiar da Bahia é resultado da parceria firmada entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), por meio do projeto Bahia que Produz e Alimenta, e a empresa Polvo Lab, um fundo privado que apresenta para o mercado produtos de diversas regiões do Brasil, capazes de se conectar com uma cadeia produtiva de impacto social e ambiental, que trabalha no desenvolvimento desses produtos para garantir que sejam os melhores em seu segmento, além de apoiar e qualificar os agentes locais.

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Construções Resilientes: Fortalecendo o Futuro Contra as Mudanças Climáticas

Litoral mais resiliente: conheça projetos residenciais que estão de olho na crise climática | Arquitetura | Casa VogueDesafios Climáticos e a Necessidade de Adaptação

A construção civil desempenha um papel crucial na nossa sociedade, mas está enfrentando um desafio sem precedentes: as mudanças climáticas.

É essencial adotar construções resilientes para garantir que as edificações permaneçam funcionais e seguras em meio a eventos climáticos extremos.

Planejamento Sustentável

O primeiro passo para criar construções resilientes é um planejamento sustentável.

Utilizar materiais duráveis e ecologicamente corretos, juntamente com um design inteligente, pode aumentar significativamente a capacidade de uma estrutura resistir a eventos climáticos adversos.

Flexibilidade Estrutural e Adaptação Contínua

A incerteza climática exige que a construção civil pense em termos de flexibilidade e adaptabilidade.

Construções resilientes são projetadas para se ajustarem às mudanças. Isso inclui incorporar sistemas que permitam ajustes conforme necessário, minimizando os danos causados por tempestades, inundações e outras intempéries.

Tecnologia a Serviço da Resiliência

A tecnologia desempenha um papel fundamental na criação de construções resilientes. Sensores de monitoramento podem alertar sobre condições climáticas extremas iminentes, permitindo medidas preventivas.

Além disso, o uso de materiais avançados pode aumentar a resistência estrutural.

Envolvimento Comunitário e Conscientização

O envolvimento da comunidade é essencial na promoção da resiliência das construções. Educar os moradores sobre medidas de preparação para desastres e incentivar a participação ativa pode minimizar os impactos das mudanças climáticas.

Construções resilientes devem ser parte de uma estratégia maior de conscientização e preparação.

Construindo para o Futuro

Em um mundo em rápida mutação devido às mudanças climáticas, a construção civil desempenha um papel vital na criação de um futuro mais seguro e sustentável.

Optar por construções resilientes não é apenas uma escolha inteligente, mas também uma responsabilidade para com as gerações vindouras.

Ao adotar um planejamento sustentável, flexibilidade estrutural, tecnologia avançada e envolvimento comunitário, podemos construir um amanhã mais resiliente, capaz de suportar as incertezas do clima em constante mudança.

Juntos, estamos construindo não apenas edifícios, mas também um futuro mais seguro.

Agroindústria de Itaguaçu decola com produção do biscoito Avoador

A Associação Comunitária de Tiririca, localizada no município de Itaguaçu, está fazendo história com a produção do biscoito avoador, conquistando o mercado local e o da região. O empreendimento é impulsionado pelos investimentos da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) na agroindústria, onde um grupo de mulheres trabalha para produzir essas delícias que caíram no gosto de todas as pessoas que consomem.

Os biscoitos se destacam não apenas pelo sabor excepcional, mas também pela história de perseverança e superação por trás deles. As agricultoras que lideram essa iniciativa não produzem apenas os biscoitos, mas também cultivam a mandioca e preparam o polvilho, ingredientes essenciais para a produção.

“A gente trabalhava em um espaço que nos foi doado, mas que não tinha estrutura. Com o apoio da CAR, reformamos esse espaço proporcionando trabalho para 23 mulheres. Antes, a gente não produzia nada. A associação existia, mas não tínhamos um trabalho. Agora, estamos produzindo e muitas aprenderam um ofício e estão ganhando seu dinheirinho”, compartilha Vaneide Pires dos Santos.

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SEC convoca mais 23 professores classificados na Seleção Pública para contratação

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) publicou, nesta quarta-feira-feira (13), no Diário Oficial do Estado (DOE), a convocação de mais 23 candidatos classificados na Seleção Pública para contratação temporária de pessoal na função de professor da Educação Básica, em caráter emergencial, pelo Regime Especial de Direito Administrativo (REDA). Os selecionados participaram do Processo Seletivo Simplificado, Edital SEC/SUDEPE nº 18/2022, publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia de 11 de novembro 2022 e retificado no veículo oficial de comunicação do dia 19 do mesmo mês e ano.

Os candidatos convocados devem enviar, dentro do período de 13 a 26 de setembro de 2023, os documentos digitalizados, listados no edital, para o correio eletrônico [email protected], para análise preliminar a ser realizada pela Coordenação de Provimento e Movimentação. Os documentos necessários são: diploma, devidamente registrado de conclusão do curso de nível superior do curso de licenciatura plena para a função temporária que concorreu, expedido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC); títulos obtidos no exterior revalidados no Brasil, se for o caso; carteira de identidade; CPF; e certidão de nascimento ou de casamento, se for o caso, entre outros.

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Ações da Secretaria de Indústria e Comércio e Reforma Tributária foram pautas de Plenária da ACI

A Reunião Ordinária da Associação Comercial de Itabuna (ACI), realizada nesta segunda-feira, 11, reuniu representantes do Poder Público Municipal, empresários e membros da imprensa para discutir questões cruciais para o comércio local. Entre os temas em destaque, os empresários enfatizaram a urgência do retorno do sistema de Zona Azul nas principais vias comerciais, visando disponibilizar vagas de estacionamento e realocar ambulantes para outras áreas.

Mauro Ribeiro, Secretário de Indústria, Comércio, Emprego e Renda de Itabuna, apresentou medidas em andamento para acelerar o retorno da Zona Azul, incluindo a assinatura de um contrato com a empresa responsável nos próximos 10 dias. Além disso, a secretaria está empenhada no ordenamento de bares e restaurantes no bairro São Caetano, com planos de expandir para outros bairros, buscando a organização das vias públicas. Também foi mencionada a retirada de barracas, carros e carrinhos de alimentação dos passeios das lojas na Avenida Cinquentenário.

O ponto central do debate foi o projeto proposto pelo representante do Poder Público Municipal para solucionar definitivamente o comércio informal, envolvendo a construção de um Shopping Popular na Praça Camacan, com quatro andares, dois destinados ao estacionamento e dois para lojas. O secretário afirmou que a medida ainda está em avaliação e contará com a participação da classe empresarial.

Além das questões relacionadas ao comércio, a reunião também abordou a reforma tributária federal e municipal, com uma apresentação do advogado e contador Erivaldo Benevides. O presidente da ACI, Valdino Cunha, ressaltou a importância do encontro para discutir assuntos de relevância tanto para o comércio quanto para a cidade, destacando o comprometimento dos voluntários que conduzem a entidade em prol do bem comum. Novas plenárias estão previstas para abordar temas pertinentes no futuro.

Líder na geração de energia eólica, Bahia é destaque na Brazil Windpower

Líder na geração de energia eólica, Bahia é destaque na Brazil WindpowerO governador Jerônimo Rodrigues e técnicos do Governo do Estado ligados à área de energia participaram, nesta terça-feira (12), em São Paulo, da abertura da 14ª Brazil Windpower, uma das maiores feiras do setor de energia renovável do mundo. Durante três dias, empresas, desenvolvedores, investidores e fabricantes de equipamentos que fazem parte dessa cadeia produtiva vão trocar experiências e buscar novas oportunidades de investimento no país.

O chefe do Executivo baiano apresentou as oportunidades existentes na Bahia, que se destaca com o maior potencial para a geração de energia limpa do mundo, e o excelente resultado das usinas já instaladas, que registram desempenho muito superior à média. Jerônimo destacou, ainda, que o avanço nas tecnologias praticamente dobrou o potencial de geração de energia eólica no estado, desde a instalação do primeiro parque.

“Isso significa oportunidade de desenvolvimento para a Bahia, com atração de indústrias, geração de empregos e aumento da renda. Por isso, viemos aqui encontrar as principais empresas do setor, mostrar nossa força natural e buscar mais investimentos com fábricas de equipamentos e criação de novos parques”, explicou.

Turistas brasileiros estão isentos de visto para visitar o Japão

Passaporte poderá ser emitido por cartóriosA partir do dia 30 de setembro, turistas brasileiros poderão visitar o Japão sem a necessidade de apresentar visto. A medida foi oficializada a partir de uma comunicação diplomática publicada nesta segunda-feira (11) no Diário Oficial da União.

A isenção é válida para quem ficar no país por até 90 dias. Os brasileiros que viajarem ao Japão em busca de emprego, profissão ou outra ocupação ainda são obrigados a apresentar o visto.

O acordo é recíproco. Desta forma, turistas japoneses também estão desobrigados de emissão do visto para visitar o Brasil.

A dispensa do documento tem validade até setembro de 2026, podendo ser prorrogado.

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Chile, 50 anos do golpe: a luta contra um passado mal resolvido

Chile – 50 anos do Golpe – População comemora a vitória do Não para permanência da ditadura – Foto: Biblioteca Nacional de Chile

Da Agência Brasil

Ni perdón, ni olvido!

O grito de ordem – que em português pode ser traduzido como “nem perdão, nem esquecimento” – é ecoado há décadas por aqueles que buscam justiça contra torturadores, assassinos, mandantes e cúmplices da ditadura militar no Chile. Há exatos 50 anos, no dia 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas, lideradas pelo general Augusto Pinochet, deram um golpe de Estado, que encerrou o governo socialista e democrático de Salvador Allende.

O país se juntava, então, a outros vizinhos latino-americanos que estavam sob o controle de governos autoritários, como era o caso do próprio Brasil desde 1964. Foram 17 anos até que o Chile voltasse a ter eleições presidenciais e as Forças Armadas deixassem o poder. Mas as heranças sombrias desse período continuam a se fazer presentes na sociedade chilena. Enquanto alguns lutam há décadas para achar os corpos dos familiares desaparecidos na ditadura, ressurgem forças de extrema-direita e negacionismos, e o país têm dificuldades para substituir uma Constituição criada no governo Pinochet vigente até hoje.

Relembrar o golpe e a ditadura, nesse contexto atual, é um exercício importante de memória e de resistência contra um passado que insiste em não ir embora. Seja no Chile, no Brasil ou no restante do mundo.

Salvador Allende e Unidad Popular

Formado em medicina, Salvador Allende construiu uma carreira ativa na política. Integrou o Partido Socialista tão logo este foi fundado em 1933, deputado por Valparaíso e Quillota e ocupou o cargo de ministro de Saúde, Previdência e Assistência Social entre 1938 e 1941. A partir de 1945, se manteve no cargo de senador durante 25 anos. Durante esse período, concorreu à presidência da República quatro vezes. Foi apenas na última, em 1970, que conseguiu ser eleito.

Apoiado por uma coligação de partidos de esquerda chamada Unidad Popular, Allende teve 36% dos votos. Uma vitória apertada em relação ao segundo colocado, Jorge Alessandri, da coligação de direita, com 34,9%; e 27,8% do terceiro, Radomiro Tomic. Pela primeira vez na história, um político socialista e marxista chegava ao governo de um país por meio de votação popular. O projeto político ficou conhecido como a “experiência chilena”, que significava a via democrática até o socialismo, sem uma ruptura revolucionária.

Apesar do começo promissor, o governo Allende teve que lidar com um país ideologicamente polarizado, com um contexto internacional desfavorável de Guerra Fria e com as próprias disputas internas da esquerda. Uma ala grande da Unidad Popular era favorável a seguir o caminho de Cuba, que em 1959 havia se tornado um país socialista pela via armada.

“Principalmente no primeiro ano de governo, vai se criar uma sensação mais ou menos geral de bem-estar. As primeiras deliberações são de elevação salarial, o que vai gerar um consumo desenfreado de bens duráveis e não duráveis, especialmente domésticos. Então isso faz com que haja uma sensação de bonança e apoio a um governo que se mostra exitoso. Já no ano seguinte, começam os problemas com inflação, bloqueio norte-americano e isolamento do Chile em relação à social-democracia europeia, à União Soviética e à China. Isso agrava os problemas econômicos o governo começa a entrar em um movimento declinante”, diz o historiador Alberto Aggio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Crescia, dessa forma, a oposição interna ao governo e o apoio dos Estados Unidos à derrubada de Allende. No dia 11 de setembro de 1973, os militares decidem bombardear o Palacio de La Moneda, sede presidencial. Allende comete suicídio e tem início longos 17 anos de ditadura.

Pinochet e a ditadura
Augusto Pinochet era o Comandante do Exército do Chile quando aconteceu o golpe. Com o fim do governo Allende, uma Junta Militar assumiu o poder no país. Pinochet foi nomeado Chefe Supremo da Nação em junho de 1974 e, em setembro, presidente da República. Posição em que se manteria até 1990.

A ditadura militar se caracterizou por destruir o sistema democrático, encerrar os partidos políticos, dissolver o Congresso Nacional, restringir o quanto pode os direitos civis e políticos e por violar direitos humanos básicos. No plano internacional, ficou marcada por integrar a Operação Condor, uma aliança entre ditaduras da América do Sul para reprimir opositores políticos, e pelo alinhamento com os Estados Unidos no contexto da Guerra Fria. Apesar das semelhanças, as ditaduras chilena e argentina colecionaram tensões, principalmente por causa de conflitos sobre a delimitação de fronteiras. A disputa pelo Canal de Beagle, na Patagônia, quase levou os dois países a uma guerra em 1978 e só foi apaziguada por uma mediação do papa João Paulo II.

Para os que viveram a ditadura chilena, talvez nenhuma memória seja mais traumática do que a constante violação de direitos humanos. Relatórios oficiais dão conta de que mais de 40 mil pessoas foram vítimas dos militares, o que inclui torturados, mortos e desaparecidos. Os principais afetados foram políticos de esquerda, dirigentes sindicais, militantes e simpatizantes de partidos socialistas.

Por meio de uma base ideológica chamada de Doutrina de Segurança Nacional, três órgãos de Estado colocaram em prática o projeto de destruição dos que consideravam inimigos do regime: Forças Armadas, Carabineros de Chile e Polícia de Investigações. Outros departamentos foram criados especialmente para a repressão: Dirección de Inteligencia Nacional (DINA, 1974-1977), Comando Conjunto (1975-1977) e Central Nacional de Informaciones (CNI, 1977-1990, sucessora da DINA). Uma série de lugares foi transformada em centros de tortura ou campos de concentração, como o Estadio Nacional (1973), Estadio Chile (1973), o navio-escola Esmeralda (1973), Academia de Guerra Aérea (1973-1975) e a Isla Quriquina (1973-1975).

O fotojornalista brasileiro Evandro Teixeira foi enviado, pelo Jornal do Brasil, ao Chile em 1973 para cobrir o golpe militar e lembra de um ambiente permanentemente hostil. Mesmo sob constante vigilância, ele conseguiu registrar o tratamento violento contra presos políticos no Estádio Nacional e ser o primeiro a fotografar Pablo Neruda morto, ainda no hospital. O poeta chileno foi vítima de envenenamento, segundo resultado de uma perícia internacional feita em 2023.

Mas foi um acontecimento, em tese mais simples do que os anteriores, que levou Evandro a passar uma noite na prisão.

“Faltava carne de vaca para a população, que só comia galinha e porco. Eu estava andando pela cidade e passei em frente ao Ministério da Defesa. Vi um carro de açougueiro parado e um cidadão entrar com um boi inteiro nas costas para o pessoal do quartel. Achei uma sacanagem e fiz a foto”, lembra Evandro.

“Não olhei para trás. Tinha uma patrulha passando e me levou preso. Eu tive de tentar enrolar o capitão que me interrogou, fingir que tinha tirado a foto por acaso e dizer que eu era contra os comunistas. Como tinha um toque de recolher todo dia a partir das 18 horas, passei a noite lá, com medo de ser fuzilado na rua, e ele me liberou no dia seguinte”.

Chicago Boys e Neoliberalismo
Assim que tomaram o governo, os militares decidiram implementar um conjunto de medidas para abrir a economia chilena ao capital privado e estrangeiro. Eles entendiam que o Estado deveria diminuir sua participação em alguns setores. Adotou-se, principalmente entre 1974 e 1982, de forma ortodoxa, os postulados neoliberais dos Chicago boys. Foram chamados assim os economistas chilenos que seguiram os estudos de pós-graduação na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, e, ao regressarem, passaram a influenciar as políticas econômicas do Chile centradas em privatizações, redução do gasto público, abertura ao mercado externo e reforma trabalhista.

Indicadores macroeconômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), tiveram variação positiva na maior parte do tempo em que durou a ditadura. Mas as classes altas foram as principais beneficiadas. Não houve distribuição de renda e a desigualdade social foi uma das marcas desse período. Somaram-se a isso índices altos de desemprego, diminuição de salários, aposentadorias e quebras de empresas.

Movimentos sociais e redemocratização
Uma nova Constituição nacional foi aprovada em 1980, por meio da qual Pinochet estendia em pelo menos mais oito anos o cargo de presidente. Mesmo diante desse reforço de poder, do crescente autoritarismo e dos mecanismos de repressão, os movimentos de oposição conseguiram se reorganizar durante a ditadura militar. Os primeiros dez anos da ditadura são conhecidos por dificuldades maiores de mobilização. Mas a partir de 1983, uma série de protestos começou a tomar conta do país.

“É preciso destacar a reorganização subterrânea levada a cabo por variados e distintos atores sociais e instituições. Entre eles, integrantes de alas da Igreja Católica; movimentos por direitos humanos, com articulações no exterior; as universidades e a ação dos estudantes para retomar as organizações estudantis; além de uma rede solidária e política constituída no interior dos bairros periféricos de Santiago. Esses últimos lugares dariam aos protestos muitos de seus atores, como os jovens desempregados, sem perspectiva e sob vigilância violenta”, diz a historiadora Fernanda Fredrigo, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Diante da pressão social crescente, a ditadura se viu obrigada a convocar um plebiscito em 1988, para que a população decidisse sobre a continuidade do regime militar. Mesmo que não tenham sido apresentados prazos concretos para isso, o processo teve adesão grande da população, com mais de 92% dos habilitados para votar indo às urnas. As opções eram o “Sim” pela continuidade e o “Não” pelo término do regime. O “Não” venceu. Em 1989, foram realizadas as primeiras eleições presidenciais. O vencedor foi o candidato da coligação Concertación, o democrata cristão Patricio Aylwin Azócar.

“As mobilizações sociais foram fundamentais na superação do medo, o que não é pouco; no abalo da crença quanto à despolitização total da sociedade; na retomada da ação política conjunta, fazendo emergir grupos políticos num contexto em que as agremiações pareciam apenas fragmentadas; na experiência de ‘unidade’ da esquerda; na reinvenção das formas de luta cotidianas; e na associação das diferentes formas de luta: greves, paralisações, trabalho lento”, analisa Fernanda Fredrigo.

A democracia estava de volta em 1990, mesmo que sob profundos questionamentos. Afinal, Augusto Pinochet deixara a presidência, mas continuava como líder das Forças Armadas. Em 1998, voltaria à política oficial para assumir o posto de senador vitalício. No mesmo ano, seria detido durante uma viagem a Londres para tratamento médico. Sobre ele pesava um mandado de busca e apreensão, e pedido de extradição para a Espanha, onde era acusado por violação aos direitos humanos. Ficou mais de 500 dias em prisão domiciliar, mas contou com a ajuda do governo britânico, que o extraditou de volta para o Chile.

População comemora a vitória do “Não” para permanência da ditadura – Foto: Biblioteca Nacional de Chile
Em 2002, renunciou ao cargo de senador vitalício. Em 2004, investigações no Senado dos Estados Unidos apontaram que ele tinha contas secretas fora do Chile, no valor de quase US$ 30 milhões, frutos de corrupção enquanto era ditador. Pinochet morreu em 2006, sem nunca ter sido julgado oficialmente pelos crimes que cometeu.

Questões mal resolvidas do passado
Durante quatro mandatos, de 1990 a 2010, a coligação Concertación dominou a presidência do Chile. Nos três primeiros, foi mantido o modelo neoliberal de economia. E apesar de terem dado ênfase nesse período aos gastos públicos nas áreas sociais e terem conseguido taxas altas de crescimento econômico, os governos não conseguiram resolver os problemas históricos de distribuição de renda.

Entre 2006 e 2022, o país alternou entre as presidências da socialista Michelle Bachelet e do direitista Sebastián Piñera. No período, destacam-se a “Revolução dos Pinguins”, em maio de 2006, o maior protesto de estudantes da história do país, com mais de 600 mil pessoas exigindo reformas educacionais. E os protestos de outubro de 2019, cujo estopim foi o reajuste de passagens do transporte público, e que envolveram mais de um milhão de pessoas. O resultado foi a convocação de um plebiscito em 2020, em que 78,27% dos votos decidiram pela criação de uma nova Constituição.

Em 2021, Gabriel Boric, do partido de esquerda Convergência Social, venceu as eleições presidenciais e iniciou o mandato em 2022. Para os defensores de um país mais progressista e comprometido com a igualdade social, a eleição representou um momento de esperança. Para alguns analistas, Boric se tornou símbolo de um modelo de renovação para as forças de esquerda.

“Boric é uma figura importante para a esquerda mundial. O Chile é um país pequeno, mas que sempre teve uma posição distinta. A esquerda, em lugares como a Nicarágua ou a Venezuela, é completamente anacrônica: só tem um ponto de apoio que é a China. Em outros casos, a esquerda democrática está na política latino-americana e pode ser dito que ele é progressista. Mas precisa avançar do ponto de vista das relações sociais e culturais, porque mantém alguns vícios conservadores”, analisa o historiador Alberto Aggio.

Em setembro do ano passado, o texto da nova Constituição, considerada progressista, foi votado e rejeitado por 62% da população. O que colocou o país em um novo impasse: ao se manter preso em normas e direitos definidos em 1980 na ditadura militar, não resolve entraves históricos que bloqueiam o desenvolvimento social. Simbolicamente, também não consegue dar um passo importante para enterrar os vestígios da ditadura que assolou o país durante 17 anos. (Edição: Carolina Pimentel)

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