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Um clássico do Teatro do Absurdo

Por Alessandro Fernandes | Economista

A peça “ESPERANDO GODOT”, foi escrita no pós-Guerra (1946/53) pelo irlandês Samuel Beckett, um dos mais ilustres representantes da corrente que ficou conhecida como Teatro do Absurdo.

“Esperando Godot”, era uma expressão muito recitada no passado bastante remoto, quando se queria dizer, para o consolo geral, que uma pessoa formidável, a solução para todos os problemas, o remédio para todos os males, iria chegar.

Nesta obra, a trama acontece em uma estrada onde se vê apenas uma árvore e uma pedra. Neste cenário desértico, dois velhos, Vladimir e Estragon, com aparências clownescas (relativo a Clown = palhaço; máscaras de palhaço; maquilagem para deixar o rosto branco), esperam por um sujeito que talvez se chame Godot. Sua chegada, que parece iminente, é constantemente adiada.

Enquanto esperam por Godot, os dois homens procuram preencher o tempo, dialogando até a exaustão, pois depositam nesta espera todo o sentido de suas vidas, entretanto, nada acontece e a atmosfera torna-se cada vez mais, absurdamente monótona. Eles conversam, mas sem ter nada novo que dizer um ao outro, fazem sempre as mesmas perguntas, travam brigas inúteis, num vazio entediante, à espera de Godot. Mas este nunca chega.

Samuel Beckett, revolucionou a narrativa e o teatro do século XX. Sua preocupação, está voltada para questões filosóficas sobre a condição humana, onde o tempo, que é essencial para uma compreensão histórica, não existe senão como uma eternidade imóvel e morta e que tem como expressão, a decrepitude física dos corpos. Na medida que o tempo passa, transforma o sujeito num ser vazio, que perdeu seu rumo e que se vê incapaz de compreender a própria existência.

Como todo livro clássico, Esperando Godot, é uma obra atemporal e que nos permite várias interpretações, onde em cada releitura, sempre encontramos algo novo.

Na atualidade, Esperando Godot, pode ser lida como uma crítica à era das fake news, das “verdades fabricadas”, das movimentações de massa e da esperança pelo que nunca vai acontecer.

Alessandro Fernandes é professor de economia das disciplinas de História do Pensamento Econômico e atualmente é Reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz(UESC).


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