Nesta sexta-feira (26) se celebra o Dia do Cacau, e na Bahia, que possui cerca de 68 mil estabelecimentos que cultivam o fruto, sendo 80% produtores da agricultura familiar. Eles têm muitos motivos para comemorar, com conquistas e avanços que vêm se consolidando, com uma produção ambientalmente sustentável.
É desse segmento que nasceram duas cooperativas do Sul do estado, que se destacam na produção de chocolates finos, produzidos com cacau cultivados no sistema agroflorestal Cabruca, que contribui para preservar a Mata Atlântica. São elas a Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba) e a Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopessba).
A Coopfesba, responsável pela gestão da Bahia Cacau, primeira fábrica de chocolate da agricultura familiar do país, localizada no município de Ibicaraí, traz para o mercado um mix de chocolates que varia de 35% a 70% de cacau, distribuído em barras de 20g e 80g. Completam a cesta de produtos o nibs, mel de cacau, licor de mel de cacau e os bombons de chocolate com frutas, a exemplo de abacaxi, licuri, umbu, café, banana e goiaba. Para este período de Páscoa, a aposta é na comercialização de ovos de chocolate, com percentuais de 50% e 70% de teor de cacau, em embalagem de 200g.
A Coopessba, sediada em Ilhéus, é conhecida pela fabricação de chocolates veganos, com a marca Natucoa, que tradicionalmente comercializa chocolates de origem nas versões 56% 70% e 80% de cacau, 65% com Nibs, 70% com licuri e 70% com licuri caramelizado, além de uma linha de panetones/chocotones veganos. Lançou também os ovos de Páscoa artesanais, em embalagens de 320 a 330g, trufados com geleia de mel de cacau e com caramelo salgado e Licuri, além de ovos com 70% cacau especial, com bombons.
Essas e outras cooperativas recebem apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com ações desde a qualificação da base de produção até o acesso ao mercado. Pelo projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial, foram investidos no sistema produtivo do cacau e chocolate, nos últimos cinco anos, cerca de R$ 30 milhões, beneficiando aproximadamente 1,3 mil famílias. Estão sendo atendidas organizações produtivas da agricultura familiar localizadas em municípios de territórios como o Baixo Sul, Litoral Sul e Médio Rio de Contas.
De acordo com o secretário da SDR, Josias Gomes, a cultura do cacau trouxe importantes contribuições para a Bahia, tanto do ponto de vista cultural e econômico, quanto no reconhecimento da região cacaueira, e até fora do país: “Nesse sentido, o Governo do Estado, via SDR, tem contribuído para o aumento da produção e da produtividade do cacau, com instrumentos como a Biofábrica, responsável pela produção de mudas de clones mais produtivos e resistentes, além de equipamentos como a 1ª fábrica de chocolates finos da agricultura familiar, com produtos que vêm ganhando o gosto dos baianos e de outros brasileiros”.
O agricultor familiar de Ibicaraí, e cooperado da Coopfesba, Wilson Silva Lima, conta que há 25 anos deixou o trabalho na sede do município para retornar ao trabalho com o cacau, que herdou de seus pais: “Com o apoio do Governo do Estado conseguimos recursos para melhorar a estrutura da fábrica e agregar valor ao nosso chocolate, que já está sendo vendido aqui e até em outros estados. É um processo lento e a longo prazo, mas de uma importância muito grande para os municípios, pois gera emprego e renda e tudo o que a gente quer é produzir e ter nosso emprego e essa estabilidade”.
Produção de cacau na Bahia
De acordo com o chefe de Gabinete da SDR, Jeandro Ribeiro, o Brasil está entre o 5º e 6º maior produtor de amêndoa de cacau do mundo e oscila entre o 5º e 6º maior consumidor de chocolate do mundo, resultando em grande oportunidade de mercado, além de ser uma atividade econômica que tem uma parceria harmoniosa com o meio ambiente: “É uma atividade que preserva o meio ambiente, gera riqueza e emprega mão-de-obra. Três aspectos que devem ser respeitados para uma relação harmoniosa: o ambiental, o social e o econômico”.
Atualmente, o estado produz cerca de 110 mil toneladas/ano, e, para ampliar para pelo menos 200 mil toneladas, estão sendo executadas políticas públicas, por meio de estratégias, como o Parceria Mais Forte, Juntos para Alimentar a Bahia, que envolve parcerias com organizações sociais, consórcios públicos e a Biofábrica, entre outras, para a oferta de serviços de assistência técnica e extensão rural (Ater), a distribuição de mudas de qualidade, além de ações desenvolvidas em outros projetos, como o Bahia Produtiva, que vem garantindo também equipamentos e infraestrutura para as diversas etapas da produção do cacau e do chocolate.
Indicação Geográfica do Cacau do Sul da Bahia
Cristiano Sant´Ana, diretor executivo da Indicação Geográfica – IG Cacau Sul da Bahia, ressalta que o cacau produzido em 83 municípios do Sul da Bahia, já possui a IG, um meio de valorizar e proteger juridicamente uma região reconhecida por produzir um produto singular e especial, que possui um ‘saber fazer’ local característico e qualidade diferenciada: “A IG divulga os produtos de uma determinada região, protege a herança histórico-cultural, promove a qualidade e garante a reputação do produto no mercado. Almejamos cultivar em nossas amêndoas os melhores atributos de aroma e sabor que estão relacionados com a genética dos nossos cacaueiros e com a interação com a origem geográfica”.
Os chocolates Sul da Bahia são feitos com cacau de origem certificados pela IG, passam por análises físico-químicas e sensoriais rígidas, que são uma garantia de origem e qualidade, do Centro de Inovação do Cacau (CIC), que também realiza o trabalho de manutenção do alto padrão de qualidade do chocolate.
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