A Rede de Agroecologia Povos da Mata, do sul da Bahia, foi uma das ganhadoras do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, anunciado em cerimônia no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília, na última quinta-feira, 23. A conquista foi possível a partir de um trabalho de Certificação Participativa, desenvolvido por consultores, em parceria com o Sebrae em Ilhéus, Instituto Arapyaú, com a participação de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades indígenas, quilombolas, agricultores em geral e consumidores, também chamados de coprodutores.
Durante a cerimônia, outras seis tecnologias sociais levaram troféus. Juntas, as iniciativas premiadas do Brasil receberam R$ 50 mil cada, destinados à expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da metodologia. Para a gerente regional do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, trata-se de “um grande reconhecimento aos produtores rurais que investem em criatividade e inovação na agregação de valor de seus produtos”.
A credibilidade diante dos financiadores do projeto foi um valor importante gerado a partir da premiação, segundo a presidente da Rede Povos da Mata, Tatiana Botelho. “Para os agricultores, assentados, quilombolas e indígenas, reforça a importância do trabalho e produção realizada por eles, que preservam e conservam a natureza, os recursos e hídricos e fornece alimentos saudáveis nas feiras e estações orgânicas”.
Famílias protagonistas
O trabalho de Certificação Participativa é desenvolvido pela Associação Povos da Mata Atlântica do Sul da Bahia, no município de Ilhéus, e aponta o sistema agroecológico como o melhor caminho, não só para a produção de alimentos saudáveis, mas também para transformar as famílias em protagonistas da conservação ambiental e do desenvolvimento socioeconômico das comunidades.
Além de atender ao Litoral Sul (Ilhéus e Itabuna), a certificação é realizada em estações distribuídas em outros três territórios baianos: Baixo Sul (Ibirapitanga e Morro de São Paulo); Costa Descobrimento (Porto Seguro); e Caatinga (Irecê). Para obter a certificação, o agricultor tem que se comprometer com a produção de agricultura orgânica em conformidade com a legislação vigente e normas estabelecidas pela organização. Ao todo, são 700 famílias incluídas no processo, sendo que 250 já são credenciadas e o restante está em fase de certificação.
De acordo com um dos consultores do projeto, Gustavo Grando, a certificação orgânica acontece desde 2015, com a participação do Sebrae e Arapyaú. Em 2016, ele conta que recebeu a primeira auditoria da Ministério da Agricultura, a qual credenciou a Rede Povos da Mata como certificadora do sistema participativo. “Hoje, a gente certifica o Estado da Bahia no processo de produção orgânica, dentro do escopo de produção primária vegetal, produção primária animal, extrativismo sustentável orgânico e produtos sustentáveis”.