A Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), vinculadas à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), reuniram-se com cacauicultores dos territórios Litoral Sul e Baixo Sul nesta sexta-feira (3). O encontro, que tratou sobre os impactos da importação do cacau que chega à Bahia, por meio do Porto de Ilhéus, aconteceu no município de Itabuna, com representantes do Consórcio Intermunicipal do Mosaico das APAS do Baixo Sul (Ciapra Baixo Sul) e da Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC).
Os riscos fitossanitários da importação de amêndoas de cacau, oriundas da África, em especial da Costa do Marfim, são a maior preocupação dos cacauicultores. Em 2021, o Ministério da Agricultura publicou a Instrução Normativa N° 125, que relaxou a exigência fitossanitária para a importação de amêndoas africanas.
“É uma agenda muito importante para a cacauicultura baiana e para o Brasil, já que a Bahia lidera a produção de amêndoas de cacau em área plantada e em número de agricultores familiares envolvidos nesse segmento. A ANPC esteve com a gente, juntamente com o CIAPRA, discutindo uma estratégia ampla de desenvolvimento da cacauicultura baiana. Apresentamos o volume de investimentos que já foram feitos nesses territórios e a metodologia que os consórcios estão executando e programamos, para o próximo dia 14, uma apresentação para a sociedade cacaueira: essa nova modelagem de ATER [assistência técnica e extensão rural]. Hoje, a presidente da ANPC apresentou ao governador um documento concebido pela ANPC, uma pauta muito delicada, que é a segurança fitossanitária da cultura do cacau no estado, a qual estamos nos debruçando com nossos órgãos oficiais, CAR e Bahiater, que estão trabalhando nessa ação estratégica”, afirmou o titular da CAR, Jeandro Ribeiro.
Os cacauicultores alertam que a entrada de doenças e pragas pode contaminar a produção de cacau e outras culturas, além de afetar a sustentabilidade ambiental e econômica da região. De acordo com o titular da Bahiater, Lanns Almeida, é preciso observar a necessidade de proteção para a lavoura baiana e brasileira.
“Precisamos estar atentos às barreiras fitossanitárias, seguindo padrões internacionais e padrões nacionais, com uma constância no mundo todo, principalmente em se tratando de uma cultura tão importante como é a do cacau, na qual 72% do público são agricultores familiares, representando uma cultura tão importante para a agricultura da Bahia – mais de 72 mil estabelecimentos rurais estão na cacauicultura baiana. Então, precisamos estar muito atentos e reforçar ainda mais toda a segurança fitossanitária em relação ao cacau africano que chega no Brasil e, especialmente, na Bahia, visando, ainda, a proteção ambiental e social”, destacou Lanns Almeida.
“Nós temos cacau de qualidade e preservamos o meio ambiente. Não podemos admitir o risco fitossanitário e outros de ordem trabalhista”, afirma a presidente da ANPC, Vanuza Lima. Para o presidente do Ciapra Baixo Sul, Leonardo Cardoso, a Bahia tem condições de atender o mercado.
“Precisamos de um projeto para trabalhar a ampliação da produção para atingir a meta que a indústria precisa, seguindo as regras necessárias”, finaliza Leonardo Cardoso. A próxima agenda do grupo será uma audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia, com data a ser definida.(blog do Thame)