Junho é o mês representado pela cor violeta instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em campanha de combate à violência contra pessoas idosas. A ideia é sensibilizar a sociedade acerca do combate à violência contra esse grupo e compartilhar a conscientização sobre violação dos direitos humanos dessa faixa etária. Trata-se, na verdade, de verdadeiro empenho a fim de assegurar o envelhecimento de forma saudável, tranquila e com dignidade.
Isso porque o contexto atual brasileiro apresenta uma população profundamente em constante mudança em suas características demográficas, sobretudo no que diz respeito ao crescimento expressivo das pessoas com mais de 60 anos. Para se ter uma ideia, o Brasil já ultrapassa a marca dos 20 milhões de idosos, o que representa mais de 11% da população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) com projeções para em médio prazo de que haverá o dobro da quantidade de idosos com relação à quantidade de crianças, daqui a 20 anos no país.
Nesse sentido, há uma preocupação ainda maior com relação à violência contra a pessoa idosa, posto que não se resume apenas à agressão física. Hoje, é sabido que negligência, por exemplo, é um dos tipos de violência mais praticados contra os idosos brasileiros nos últimos anos, conforme apontam denúncias recebidas pelo Disque 100, o que faz referência direta à quantidade de idosos que são vítimas de descuido e de omissão por parte dos familiares ou instituições que respondem pelos cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da população a partir dos 60 anos.
Ou seja, a negligência, como a privação de medicamentos, a falta de atenção com a higiene e a saúde, entre outros, compõem o quadro de violência contra a população dessa faixa etária. Contudo, esse quadro se agrava quando constatado que, das denúncias de violência contra idosos no país, 70% das vítimas são mulheres, sendo mais de 40% desse percentual com idade entre 60 e 70 anos. Segundo a advogada Andréa Peixoto, cerca de 50% dos abusos, incluindo violência psicológica e financeiro-econômico, são praticados pelos próprios parentes ou conviventes da vítima, como filhos e maridos.
Diante disso, a advogada exalta o junho violeta, no sentido de mostrar à sociedade que idosos vivem sob o medo da violência, sobremodo as mulheres idosas, e por isso ressalta “que a prevenção e a educação se tornam as formas mais eficazes para se combater a violência contra pessoas da terceira idade, com especial atenção às mulheres da terceira idade nesta situação.”
Ela afirma que o município de Itabuna possui ferramentas para enfrentamento deste problema, a exemplo das entidades governamentais e não-governamentais, e outros que, juntos, formam uma rede de proteção e defesa do direito da pessoa idosa. “A campanha existe para dar visibilidade a esse problema da sociedade o qual não podemos negar, mas nosso trabalho é direcionado para o enfrentamento e prevenção à violência, especialmente àquela que vitima os mais vulneráveis”, afirmou a advogada Andréa Peixoto.
Ela ainda aponta para a importância da identificação dos casos, dos encaminhamentos corretos e adequados para fins de providência conforme a competência de cada parceiro da rede de apoio. “Cada entidade possui sua própria competência que precisa ser comunicada e respeitada. A partir daí, cada uma deve oferecer assistência nas áreas de saúde, social, educação, jurídica, segurança e outros”, reafirmou a advogada.
Por fim, Andréa Peixoto salientou que a violência contra idosos é intra-familiar e velada, daí a relevância do serviço de denúncias para ajudar a romper com o silêncio das vítimas, em sua maioria mulheres idosas.
Para ela, para uma efetiva prevenção à violência contra os idosos, tornam-se necessárias campanhas, trabalhos de conscientização e de respeito, bem como encorajamento e subsídio para a realização de denúncias por parte das vítimas. “Mas entendemos que a educação é a base. Por isso, faz-se imprescindível que as crianças e os jovens, assim como o próprio idoso, conheçam o processo de envelhecimento e da positividade da velhice”.