Em coletiva transmitida ao vivo pela televisão na tarde desta sexta-feira 4, o ex-presidente Lula chorou e desabafou ao comentar a 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje pela Polícia Federal. Lula e seus filhos foram alvo de mandado de condução coercitiva – quando são forçados a prestar depoimento e são liberados em seguida.
“Não precisava ter mandado coerção na minha casa hoje de manhã, na casa dos meus filhos. Mas lamentavelmente eles preferiram utilizar a prepotência, a arrogância, e fizeram um show, um espetáculo de pirotecnia. É lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a imprensa”, disse Lula, depois de ter prestado depoimento à PF no aeroporto de Congonhas.
“Eu me senti um prisioneiro hoje”, acrescentou. Ao falar de Marisa, declarou: “ela merecia respeito”. “Eu sou um homem que acredito em instituições de Estado forte. Estado forte é a garantia do estado democrático. E desde a Constituinte briguei para ter um Ministério Público Forte. Mas é importante que os procuradores saibam que uma instituição forte tem que ter pessoas responsáveis”, destacou Lula. Para ele, “o que aconteceu hoje era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça”.
“Antes deles já éramos democratas”, disse Lula, sobre os investigadores da Lava Jato. O ex-presidente antecipou a campanha presidencial de 2018 ao dizer que vai “rodar o País”. E fez duras críticas à Globo e às denúncias diárias realizadas pela imprensa sobre o apartamento no Guarujá e o sítio em Atibaia.
“Se preocupando com pedalinho que ela [Marisa] comprou por 2 mil reais para os netos? Se pudesse eu dava um iate para ela”, afirmou. “Eu quero saber quem vai me dar o apartamento, se é a Globo ou o Ministério Público”, provocou o ex-presidente, acrescentando que a Globo bem que poderia lhe oferecer um triplex em Paraty (RJ). “Estou indignado com o que fizeram com a minha família”, disse. “Eu acho que eu merecia um pouco mais de respeito nesse país”.
Mais cedo, em um vídeo divulgado na internet, Lula criticou o juiz da Lava Jato: “Se o juiz Moro, se o Ministério Público quisesse me ouvir, era só mandar um ofício”, afirmou. Lula enfatizou que sempre esteve à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. Reunido com a militância no diretório do PT em São Paulo, Lula declarou ainda: “Não devo e não temo. Parece que o que mais vale é o show midiático. Há um complô midiático”.