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Estudantes do CEEP de Música, em Salvador, vislumbram nos cursos uma porta para ingresso no mundo do trabalho

A vocação musical baiana está bem representada pelos 186 estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) em Música. Localizada no bairro do Barbalho, em Salvador, a unidade da rede estadual de ensino funciona como um espaço de formação profissional para quem almeja o mundo do trabalho por meio da música.

A escola – que oferece os cursos técnicos de Instrumento Musical (violão, guitarra, contrabaixo, piano, teclado, bateria, percussão e flauta) e de Composição e Regência – dispõe de uma infraestrutura que inclui equipamentos de ponta e instrumentos modernos, como a recém-adquirida bateria eletrônica, além de 15 baterias acústicas, 36 violões, dez guitarras, cinco contrabaixos, um baixolão elétrico, 15 teclados, cinco pianos acústicos e flautas de uso individual.

Os alunos do CEEP de Música têm nos dois cursos ofertados uma oportunidade de realizar seus sonhos profissionais. É o caso de Victor Ferreira, 24, aluno do curso de Instrumento. Ele conta que está gostando do aprendizado da escola, onde estuda bateria, e espera obter as habilidades necessárias para se tornar um músico competente. “Nunca toquei em banda ou atuei profissionalmente na área, muito menos tinha muito contato com instrumentos. Toquei na igreja por pouco mais de um ano e só. Quero ser músico, em especial baterista. E meu interesse é melhorar no meu instrumento para atuar tocando por aí como uma realização pessoal, simplesmente por gostar de tocar. Também quero ser médico. Estou estudando para realizar estes dois sonhos”, revela o estudante, que é graduando em Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BI), na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A estudante Lucivania Sacramento, 27, que está no último semestre do curso de Composição e Arranjo, também encontrou no CEEP uma chance de realizar o sonho de aprender a representação da escrita musical e, assim, se projetar no mercado profissional. “Eu já tocava um pouco de violão, mas não sabia ler partituras. E aqui eu aprendi tudo que precisava para compor e escrever arranjos e minhas próprias músicas. Meu objetivo é me tornar professora para poder ajudar outras pessoas que também querem realizar um sonho com a música. Tenho a perspectiva de dar aulas particulares para crianças e jovens e, como arranjadora, vou poder ensinar a escrever arranjos”, conjectura.

No CEEP de Música há, também, os que procuram a unidade escolar para aprimorar seus conhecimentos musicais, a exemplo de Marcelo Jesus dos Santos, 49, dos cursos de Instrumento Musical e de Composição e Regência. Ele conta que, desde adolescente, tocava na Escolinha de Percussão do Araketu e lá ganhou experiência musical. “Comecei como roadie (técnico de apoio) e, nesta função, fiquei por vários anos. Depois, comecei a estudar áudio e me tornei técnico de áudio. Hoje, faço som de várias bandas. Quando soube do curso do CEEP de Música, me inscrevi com o objetivo de estudar violão para aprender a parte de harmonias. Para mim, tem sido uma alegria ser aluno daqui. É um curso muito bom, ministrado por professores muito capacitados. Não vim com o intuito de me tornar músico profissional e sim de aprender música para compartilhar meu conhecimento com adolescentes para que eles, como eu, possam ter a oportunidade do contato maravilhoso com a música e, assim, mudar as suas vidas”.

Estudante do 2º semestre do curso de Composição e Regência, Joseilton Ferreira do Nascimento, 38,
conta que também foi fisgado pela música ainda jovem e, desde então, atua com produção musical, na comunidade onde mora. “Tenho uma fanfarra, a Varal de Cordel, na Cidade Baixa, e, através dela, ajudo no fomento cultural e na formação a crianças e adolescente da região. Percebendo a necessidade de uma qualificação adequada, dentro do meu perfil ligado à arte popular, descobri o CEEP e é aqui que estou me aperfeiçoando, a partir da minha necessidade de melhorar tecnicamente e, assim, compor e tocar com mais recursos técnicos, pois tenho um estúdio, onde faço campanhas publicitárias, a exemplo de jingles”, conta Joseilton, destacando que “Salvador é uma cidade musical, mas carece de espaços como o CEEP, “que oferece cursos de qualidade na área de composição”.

Professora e fundadora do CEEP de Música, Judith Leite destaca que, inicialmente, a unidade recebia jovens recém-saídos do Ensino Médio, em busca de aperfeiçoamento para atuarem no mercado do trabalho ou ingressarem na universidade. “Após o período de confinamento por conta da pandemia do Coronavírus, tivemos a procura das mais diversas faixas etárias, visando as várias possibilidades que os cursos e a música proporcionam. Tenho muito orgulho e felicidade de ter ajudado a fundar esta escola. Nós, professores desta unidade escolar, somos docentes pesquisadores. Então, estamos sempre buscando publicar pesquisas e participar de seminários e conferências. Além do mais, no Brasil, somos a única escola técnica mantida pelo Estado e não há outra escola pública do Estado que oferte os cursos de Instrumentos e Composição e Arranjo”.


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