Um deslizamento de terra deixou ao menos 25 mortos e 52 desaparecidos neste domingo (9) em Las Tejerías, pequena cidade industrial na região central da Venezuela. Nas últimas semanas, 13 pessoas já haviam morrido em decorrência de desastres causados pelas chuvas acima da média que vêm sendo registradas no país.
“Perdemos meninos e meninas. O que aconteceu em Las Tejerías é uma tragédia”, afirmou Delcy Rodríguez, número 2 da ditadura e vice de Nicolás Maduro, durante visita à cidade a cerca de 50 km de Caracas. Na noite de sábado (8), choveu forte por ao menos oito horas, fazendo com que ao menos cinco pequenos rios da região transbordassem e rochas se deslocassem em encostas.
Ao menos mil funcionários participam das operações de resgate, informou o almirante Remigio Ceballos, ministro do Interior e da Justiça, que também foi à cidade. Para encontrar desaparecidos, militares se dividem entre as margens dos rios e a área urbana, tomada por lama e pedras.
Maduro escreveu no Twitter que decretou três dias de luto no país e declarou a área uma zona de desastre.
Agências de notícias descrevem a situação no local como apocalíptica, com casas destruídas ou tomadas por lama, árvores gigantescas derrubadas e bloqueando vias e carros arrastados pela correnteza. As águas atingiram alturas de até 6 metros.
O fornecimento de água foi afetado, depois que as bombas que fazem o abastecimento de água potável foram levadas pela enxurrada. A torre do serviço de telefonia também foi derrubada. “Foi como se uma represa tivesse estourado”, disse o voluntário da defesa civil Gustavo Arevalo, 58.
Um açougue que reabriria nesta segunda-feira (10) depois de dois anos fechados devido à pandemia, não conseguirá funcionar: a inundação danificou os equipamentos de refrigeração e todos os produtos no interior.
“A cidade se perdeu, Las Tejerías foi perdida”, lamentou a moradora Carmen Meléndez, 55, à agência AFP, nascida e criada no local de 73 mil habitantes. “É a primeira vez que vemos algo assim.” Ela aguardava notícias de uma amiga, desaparecida depois de ter saído para comprar mantimentos.
O taxista Armando Escalona, 43, contou à Reuters que estava em um culto evangélico quando as águas invadiram a igreja. Ele abraçou a família, mas foi atingido na cabeça por um objeto não identificado, perdendo a consciência. Quando acordou, não viu mais ninguém. “Perdi minha mulher e meu filho de cinco anos.”
Duas equipes de beisebol —um dos esportes mais populares do país— informaram que colocaram seus estádios à disposição para receber doações.
Deslizamentos de terra também foram registrados em outras partes do país. De acordo com Ceballos, choveu em um dia na região o que seria esperado para um mês, em média.