Não. Não é a primeira vez que Itabuna sofre com a falta de água nas torneiras no verão. Mas não dar para achar que a falta do líquido precioso, em escassez no mundo todo, é apenas por falta de chuva. É principalmente por falta de planejamento e capacidade de gestão da empresa de economia mista que administra o setor.
Existe um discurso falso de que a empresa não avança e não faz barragem por falta de recursos. Tese pouco aceita pelos especialistas pois a empresa tem arrecadação milionária que se bem gerido o dinheiro, paga todas as contas e ainda sobra recursos para investimento conforme o gráfico abaixo. A Emasa é uma empresa lucrativa.
O problema na Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) está na estrutura administrativa e de logística que é bem velha. Para piorar, as pessoas que administram a empresa também possuem cabeças velhas, apesar de pregar o novo, não conseguem vencer os vícios histórico da corrupção e da baixa produtividade dos trabalhadores. “Enquanto dois cavam um buraco, três ficam olhando”, afirma um usuário do bairro Fonseca.
A distribuição de água pela tubulação na cidade em pleno apogeu da tecnologia nas diversas áreas do conhecimento, é feita manualmente e os dirigentes não possuem controle sobre a distribuição de água e vazamentos na tubulação antiga. “O manobrista responsável pela liberação dos registros de água nos bairros faz o que quer”, relata um ex-funcionário do alto escalão da empresa ouvido pelo blog.
O caso específico da falta de água nos meses de novembro e dezembro de 2015 é o atestado de incapacidade da gestão da Emasa. Ela avisou da falta de água quando praticamente acabou na fonte. Sendo em outro lugares do país, quando o nível do rio ou da represa começa a ficar baixo a população vai sendo municiada de informações e solicitada semanalmente a economizar água. Em Itabuna todo mundo foi pego de surpresa e a culpa é da chuva. Ninguém merece!
A construção da barragem Rio Colônia, obra em andamento do Governo do Estado, vai amenizar o problema quando estiver pronta nos próximos dois anos. Mas se a empresa Emasa não se comportar como empresa, e necessariamente não precisa ser privatizada, correrá o risco de ainda a população pagar duas contas: aquela que chega todo mês na porta, e aquela que não é mensurável como a da incompetência.