Por Marcos Wense
Quem mais sabe que não será candidato ao Thomé de Souza, que a possibilidade de receber o apoio do governador Rui Costa é um grande pesadelo, percentualmente 0%, é o próprio deputado federal Cacá Leão.
Ora, até as freiras do convento das Carmelitas, pelo menos as mais politizadas, sabem que Cacá Leão está muito longe de ser um prefeiturável, de ter até seu nome lembrado. Quando o assunto é a sucessão de ACM Neto, o parlamentar não joga o jogo sucessório, é carta fora do baralho.
Cacá é filho do vice-governador João Leão, que controla o Partido Progressista da Bahia com mãos de ferro. A legenda caminha de acordo com sua vontade e conveniências políticas, o que é inerente a todos os dirigentes partidários que se acham donos de partidos.
Ao insinuar uma possível candidatura na sucessão soteropolitana, Cacá pressiona o governador Rui Costa (PT) por mais espaços no governo. Sem cerimônia, diz que o PP “tem interesse em uma pasta que, ao menos, ofereça a condição dos deputados fazerem a discussão das suas demandas”.
Esse “ao menos” leva a dedução de que os deputados estaduais não estão sendo atendidos nos seus pedidos, que querem mais, muito mais, um cafuné mais convincente. O tratamento dado ao PP precisa de uma revisão, de um aperfeiçoamento.
Cacá lembra, como mais um ingrediente para fortalecer suas reivindicações, que o PP já perdeu espaço com a extinção da Sudic e a privatização da Bahia Pesca.
Ao declarar que o PP “é um partido que dança a música que tocar”, Cacá diz para o chefe do Executivo que é só atender as pretensões da legenda para que tudo fique nos seus devidos lugares, sem problemas.
É evidente que Rui Costa vai fazer de tudo para agradar o filho do vice-governador e, por tabela, o PP e também o papai. Nada melhor do que um vice satisfeito, que olhe e cuide exclusivamente do seu quintal.
A insinuação de Cacá – vista por muitos petistas como uma ameaça -, de que poderá disputar a prefeitura de Salvador, além de não ser levada a sério, provocou a unânime opinião, no governismo e na oposição, que a “candidatura” é de mentirinha ou brincadeirinha, o que termina sendo a mesma coisa no contexto analisado.
Confesso, francamente, que acredito mais na candidatura do nosso Cacá a prefeito de Itabuna. O bom radialista Cacá Ferreira, da rádio Difusora Sul da Bahia.
Os Leões, João e Cacá, pai e filho, não querem deixar de ser os “leões” da política da terra de todos os santos e orixás. Politicamente fortes e de olho no futuro. Afinal, a política não costuma socorrer os que dormem.
O imbróglio para o governador é que os outros partidos que compõem sua base aliada não se acham inferiores ao PP. Também querem ser “leões”, com juba grande, garras e dentes afiados.
Os aliados também têm o direito de rugir. Não vão ficar miando como bons “gatinhos”.
Marcos Wense é analista politico de Itabuna