Por Cleber Lourenço | ICL Noticias
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou e alertou, ainda em setembro de 2022, para a atuação de militares da reserva envolvidos em ações de cunho golpista. O relatório, classificado como reservado, identifica a presença de grupos alinhados à defesa de intervenção militar e à contestação das instituições democráticas.
O ICL Notícias teve acesso a trechos desse e de outros documentos que permanecem sob sigilo até pelo menos setembro de 2027. Esses relatórios revelam que, mesmo sem vínculos oficiais com a ativa, os militares da reserva desempenharam papel importante como articuladores ou legitimadores de discursos antidemocráticos.
O registro identificado como 00262.032435/2022-56 foi classificado sob a categoria R5, relacionada a ameaças à ordem pública, segurança institucional e interesses sensíveis do Estado. Esse material demonstra que, antes mesmo do segundo turno das eleições de 2022, a Abin já monitorava a presença de militares da reserva em mobilizações de caráter antidemocrático, com potencial para incentivar a ruptura institucional.
O documento descreve episódios em que esses militares participaram de protestos, usaram fardas indevidamente e fizeram declarações públicas contrárias ao resultado eleitoral previsto pelas urnas eletrônicas.
Outro documento, datado de 27 de outubro de 2022 (número 00262.207155/2022-16), aponta a criação de um grupo extremista violento articulado via Telegram por um cidadão brasileiro com perfil radicalizado.
Segundo o relatório, o grupo promovia a desobediência civil, atacava verbalmente autoridades públicas e disseminava ideias de ruptura institucional. Além das ameaças e incitações, o grupo atuava em redes sociais e aplicativos de mensagens para cooptar novos membros e estimular ações contra órgãos do Estado, incluindo o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.
A combinação das duas informações evidencia que a inteligência do governo já identificava, ainda em 2022, uma rede de apoio à radicalização com elementos da reserva militar em articulação com civis e influenciadores digitais.
A atuação desses atores foi classificada como ameaça direta à segurança institucional. O uso da imagem das Forças Armadas, mesmo que por integrantes inativos, foi considerado estratégico por esses grupos para dar aparência de legitimidade aos atos e convocatórias.
Bolsonarismo raiz lembra farra do Viagra e acusa ingratidão Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram em frente a Quartéis do Exército para protestar contra o resultado das eleições e pedir pela Intervenção das Forças Armadas. Crédito: Folha de S. Paulo