Blog Tempo Presente

A Câmara e a vergonha alheia

Rafael_perfilRafael Bertoldo | [email protected]

Após um domingo importante para a história de nossa nação, a semana que o sucede será de uma enxurrada de prognósticos e previsões sobre o futuro da política brasileira. Após a votação do impeachment, restou poucas certezas: uma é da cambaleante e agônica capacidade do Governo em agregar apoiadores após a dissidência de muitos partidos de sua base aliada, e a outra é sobre a indecência despida de pudor da Câmara  Federal.

Porém, venho destacar um fato curioso: a postura dos deputados da célebre casa legislativa, instituição que carrega a nobreza de representar o povo. Em um show de discursos que misturava atuação de stand up, recados à família, religião, homenagens a entes in memoriam, coronéis torturadores, netos, esposos e esposas, ódio e etc. O fato gerador do processo, as pedalas fiscais, não foram sequer ventiladas. Se foram, perderam-se no emaranhado dos discursos apocalípticos.

Um sentimento de vergonha alheia foi tomando conta do telespectador a cada voto. Eram dez segundos reservados a cada deputado para proferir um Sim, Não ou Abstenção. Mas este tempo foi utilizado para uma performance novelesca, e ia revelando a incompetência do consciente coletivo da câmara, lastimável!

Bom, mas ensaiemos algumas reflexões despretensiosas: Aqueles políticos são frutos de nossos votos, certo? Representam 27 Estados e o DF, certo? Então caro cidadão, encontre seu voto naquela balbúrdia e se reflita nele! Espelhe-se! Aqueles 513 senhores e senhoras, alguns estavam ausentes, foram nossas escolhas.

Notou agora a importância daquela tecla verde “Confirma”?

Desde o Presidente daquela câmara, que não é mais denunciado, acusado ou investigado, ele é réu no Supremo Tribunal Federal, até o ausente, que se omitiu, passando pelas atuações circenses dos discursos sobre uma matéria de absoluta importância. O senhor e a senhora deve se perguntar: e se eu estivesse ali, faria o mesmo?

No que você se difere daquelas excelências?

O futuro político de nossa nação ainda é obscuro, mas há luz para nos guiar após este histórico domingo de 17.04.2016. E esta luz nos conduz à responsabilidade de nossas escolhas.

Escolha bem em seu município, caro eleitor. Pois é no micro que a mudança se inicia e atinge o macro. Reflitamos!

Rafael Bertoldo é Economista e Especialista em Gestão Pública Municipal.


COMPARTILHAR