Agricultores e agricultoras de áreas tradicionais de fundo de pasto dos municípios de Campo Alegre de Lourdes, Pilão Arcado, Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Juazeiro, Uauá, Curaçá, Jaguarari, Andorinha, Campo Formoso e Mirangaba, participaram, dias 06 e 07 de dezembro, de formação sobre criação e manejo de abelhas nativas (melíponas). A oficina, que também reuniu equipes técnicas, aconteceu no Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro, e contou com momentos teóricos e práticos.
Segundo a agrônoma Bruna Ribeiro, que coordena a ação de Recaatingamento do Projeto Pró-Semiárido, o objetivo foi promover o debate e troca de saberes acerca da importância das abelhas nativas para a sustentabilidade do meio ambiente. “Em especial, as áreas de fundo de pasto das comunidades, bem como o aprendizado sobre o manejo de enxames, alimentação apropriada no período de seca, multiplicação e divisão de exames de forma adequada, entre outras técnicas”.
Entre os conteúdos abordados na formação estão: contexto das atividades com meliponicultura nas ações do Recaatingamento; principais aspectos dos enxames; forma de organização; importância ambiental e produtiva; manejo alimentar complementar das abelhas; organização do meliponário; cuidados gerais contra predadores e práticas de produção de cera mista; apresentação da caixa modelo; divisão de enxame; captura com iscas; e produção de xarope.
A agricultora Antonieta Maria de Jesus, da comunidade de Paranazinho, município de Mirangaba, ressaltou que a meliponicultura é uma novidade, mas que a formação mudou a sua percepção sobre a importância das abelhas nativas, de preservar a Caatinga e fazer o recaatingamento. “Antes, a gente costumava queimar ou colocar veneno nas abelhas com ferrão, mas agora eu sei que é uma coisa que não se deve fazer, e vou levar esse conhecimento para a minha comunidade. Agora eu sei o quanto a vida das abelhas é importante para a Caatinga e para a vida da gente”.
É preciso sensibilizar mais pessoas para o cuidado com o bioma Caatinga e preservação das abelhas nativas, como explica Bruna Ribeiro. “Sobre a meliponicultura, tem-se o desafio de ser uma prática inovadora para muitas comunidades, visto que a apicultura sempre foi mais difundida e possui técnicas de manejo diferentes das melíponas. Desta forma, essa formação é apenas um passo, sendo necessário o acompanhamento das equipes de Assessoramento Técnico, rodas de aprendizagem e atividades práticas de forma continuada”, aconselha.
O Recaatingamento abrange 12 municípios do Semiárido da Bahia e está ajudando a recuperar cerca de 20 mil hectares de Caatinga. A iniciativa é do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). A ação é realizada em parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa).