Por Yulo Oiticica Pereira
No Brasil temos uma cultura de sempre criticar o que temos sem saber o que queremos ou pior, as vezes propondo sugestões mesmo sem saber de nada ou quase nada, isso é muito comum no futebol, não é a toa que cada brasileiro tem uma escalação para seu time e no casa da seleção nem se fala. Eu e todos os brasileiros e brasileiras estamos muito preocupados com o avanço da violência em nosso país, mas sabemos que não existe soluções simples para problemas complexos.
Martin Luther King já dizia que sua preocupação maior era “o silêncio dos bons” imagine o que ele diria do barulho dos “maus”. Me apavora quando vejo lideranças políticas e parte da imprensa tratar de uma questão tão séria como Segurança Pública de forma irresponsável, com falácias e sensacionalismo para tirar dividendos pessoais tentando provocar uma sensação de insegurança na sociedade.
Nos últimos 30 anos as facções criminosas no Brasil cresceram e se organizaram de forma assustadora, hoje já são 53 facções espalhadas pelo país, varia destas com braços nos Estados Unidos, na América do Sul e na África. Segundo dados da Uol, o PCC ainda tem como fontes de renda ao menos 78 empresas em nomes de laranjas, usadas para lavagem de dinheiro, como postos de combustíveis e de criptomoedas.
Sozinhas, elas faturaram R$ 32 bilhões em apenas quatro anos. Poderíamos aqui culpar a brutal desigualdade de renda em nosso país ou a ausência do estado brasileiro em ações de políticas públicas no social ou até os profissionais de segurança nestes mais de 30 anos e, topo fazer este debate com quem desejar, mas quero tratar aqui da coragem e ousadia do Governador Jerônimo de fazer na Bahia um enfrentamento ao crime organizado de forma planejada e articulada, em cooperação com nossas polícias estaduais, federais e até municipais, em alguns casos.
A Bahia pode se tornar uma experiência piloto para outros estados da federação. Mas sabemos que para isso, precisamos da responsabilidade de todos os poderes e instituições envolvidas e com a responsabilidade que seus cargos exige. Além da participação fundamental da sociedade organizada acompanhando a formulação, gestão é avaliação destas políticas. Com esta articulação e respeito aos Direitos Humanos, vamos ocupar os bairros populares com assistência social, saúde, educação, cultura, esporte, polícia e poesia.
Contando com a determinação e coragem do governador, poderemos enfrentar este momento difícil e sairmos ainda mais fortes. Oxalá um dia possa o Estado Brasileiro organizado desarticular as facções criminosas em nosso país e vencer o ódio.
Yulo Oiticica Pereira, é ex deputado(1999-2014) e presidente da comissão de direitos humanos e segurança pública da Assembleia Legislativa da Bahia e militante dos Direitos Humanos. Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde.