Por Andreyver Lima
Na busca por desafios na vida, muitas vezes desperdiçamos nosso tempo e talento em áreas que não são realmente a nossa vocação. Devemos ser corajosos, mas é importante avaliar se aquilo é realmente o que queremos e se estamos preparados para enfrentá-lo.
Na política não é diferente. É comum ver pessoas no poder que, na verdade, não desejavam estar lá e, pior ainda, não conseguem cumprir adequadamente suas funções. Estão lá por indicação, pressões externas ou ‘vontade do povo’, que nem sempre representa a vontade divina.
Muito se fala das eleições de 2024, por exemplo, que exige muito de qualquer um disposto ao desafio, mas que também tem seus benefícios. No entanto, ao pleitear um cargo público, é preciso ter em mente que nem tudo são vantagens.
É nesse contexto que se encaixa uma parábola do filósofo e político Marco Túlio Cícero, em que ele conta sobre Dâmocles, que bajulava o conquistador Dionísio. Dionísio, cercado por riquezas e belezas, sugeriu que Dâmocles assumisse seu lugar por um dia para que pudesse desfrutar de tudo aquilo. Dâmocles concordou e, ao ser banhado em ouro e vinho, percebeu que uma espada afiada sobre sua cabeça, presa apenas por um fio de cabelo. Isso o assustou profundamente e fez com que perdesse o interesse pelo cargo.
Essa história permanece relevante na política dos dias atuais. A posição mais alta deve ser ocupada por alguém que esteja ciente de que sua cabeça está por um fio. É preciso ter paixão pelo que se faz, para que o fio se torne cada vez mais firme.
Andreyver Lima é jornalista.