A dificuldade de produção por causa da pandemia e a alta demanda por contraste iodado para exames e procedimentos médicos vêm causando uma série de transtornos aos usuários de serviços de saúde em todo o mundo. Mesmo investindo mais recursos para que o paciente não seja prejudicado, os hospitais vêm enfrentando dificuldades para manter o estoque de insumo no nível ideal.
No sul da Bahia, os pacientes que buscam os serviços da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna começam a sofrer com a escassez do contraste iodado no mercado mundial. Por isso, a instituição está seguindo recomendação do Ministério da Saúde para priorizar os atendimentos de urgência e emergência, com atenção maior para pacientes com quadro saúde mais crítico.
A diretora técnica do Hospital Calixto Midlej Filho, a médica Maria Carolina Reis, reforça que a falta de contraste iodado impacta diretamente na assistência ao paciente. A unidade hospitalar é referência no interior da Bahia no tratamento de doenças coronarianas, incluindo síndrome coronariana aguda. É também referência para diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas.
PACIENTES MAIS CRÍTICOS
A médica explica que “hoje estamos priorizando os pacientes mais críticos que necessitam de um diagnóstico precoce, incluindo aqueles com suspeitas de doenças malignas. Precisamos ainda garantir atendimento aos pacientes internados ou referenciados com síndrome coronariana aguda. São casos em que não há alternativa para diagnóstico e tratamento e de alto risco detalha Maria Carolina.
O gerente médico dos Setores de Oncologia da Santa Casa de Itabuna, o médico Lincoln Warley Ferreira, reforça que existe uma demanda muito maior que a disponibilidade do insumo no mercado mundial, causado principalmente pelas medidas sanitárias adotadas pela China, um dos principais fornecedores. O contraste é usado em tomografias e procedimentos endovasculares como cateterismo, angioplastia dentre outros.
Por causa da falta de insumo, neste momento, foi suspenso atendimento ao público externo, que inclui o grupo de paciente que se encontra estável. “Estamos pedindo aos pacientes que conversem com os seus médicos para certificarem se o exame sem o contrate já forneceu informação que os ajude ou se indicam outros métodos de diagnósticos”.
RECOMENDAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
O médico relata que são realizados por mês, em média, mil exames de tomografias na Santa Casa de Itabuna. Desse total, para melhor resultado, de 30% a 40% são com exames com contraste iodado. São casos, por exemplo, de estadiamento de tumores e lesões vasculares, que têm não outras opções para a sua realização.
De acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, os exames que demandam, de fato, contraste na emergência e urgência são para os casos de hemorragia ativa, politrauma, dissecção vascular, aneurisma roto ou com risco de ruptura, tromboembolismo pulmonar com instabilidade hemodinâmica.
São prioridades também os casos envolvendo diagnóstico e estadiamento de câncer, procedimentos intervencionistas oncológicos, obstrução da via biliar e da via urinária e tratamento endovascular de aneurisma cerebral.